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A infância: o solo onde cresce a empatia

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Sabia que, entre todas as espécies, somos aquela cujo cérebro demora mais tempo a atingir a maturidade plena?Isso significa que, durante muitos anos, somos profundamente moldados pelo ambiente em que crescemos — não apenas no que aprendemos, mas na forma como sentimos, reagimos e nos relacionamos com o mundo.


O Dr. Gabor Maté costuma dizer que “o trauma não é o que nos acontece, mas o que acontece dentro de nós como resultado do que nos acontece”. Quando uma criança é vítima de maus-tratos físicos ou emocionais, a sua mente — ainda em formação — adapta-se para sobreviver. E essa adaptação pode alterar a forma como ela vê e sente o outro.


Num estudo, um grupo de nove crianças vítimas de maus-tratos (com idades entre 1 e 2 anos e meio) foi comparado com outro grupo de crianças da mesma creche, mas que viviam num ambiente seguro. O resultado foi marcante: quando outra criança chorava ou precisava de ajuda, as crianças vítimas de trauma mostravam quase nenhuma empatia. Em alguns casos, o choro do outro despertava raiva ou agressividade — um reflexo do que viam e sentiam no seu lar.

As crianças tratam os outros como são tratadas. E por mais que existam temperamentos diferentes, a empatia deveria ser uma semente natural em todos nós. Mas o trauma deixa marcas invisíveis — e, se não for cuidado, pode impedir essa semente de florescer.

📖 O que poucos percebem é que o cérebro não se desenvolve todo ao mesmo tempo.

  • Na primeira infância, amadurecem as áreas sensoriais — a aprendizagem através dos sentidos.

  • O sistema límbico (responsável pelo controlo emocional, prazer e recompensa) só atinge a maturidade na puberdade.

  • E em muitos casos, só por volta dos 18 anos é que temos um cérebro plenamente “pronto” para a vida adulta.


Isto significa que uma criança é, de certa forma, como uma tela em branco a ser pintada todos os dias. Não devemos projetar nela expectativas irreais de comportamentos “perfeitos”, mas sim compreender que cada gesto, palavra e reação que recebe ajuda a formar o seu mundo interno.

💡 As competências da inteligência emocional têm períodos críticos de desenvolvimento. Cada uma dessas fases é uma janela de oportunidade para criar adultos confiantes, empáticos e resilientes.

A infância é mais do que uma etapa: é a raiz de toda a floresta que virá. A nossa literacia emocional enquanto pais, educadores ou cuidadores molda não só o futuro de cada criança, mas também a forma como, como humanidade, nos relacionamos uns com os outros — e até com o planeta.

“Não é possível separar a saúde de um indivíduo da saúde da comunidade, e não é possível separar a saúde da comunidade da saúde do ambiente.” – Gabor Maté

Se cuidarmos do solo onde a criança cresce, estaremos a cuidar da saúde emocional das próximas gerações. 🌿

 
 
 

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