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Calcem as botas e façam-se à estrada


Passaram 4 anos desde que me tornei freelancer, para fugir a um sistema que não vai de encontro à minha forma de viver.

Trabalhava de segunda a domingo com uma folga rotativa por semana a dar entre 7 a 8 massagens por dia, com contratos de trabalho ridículos, ou a recibos verdes. Um dia o meu avô estava a a sentir -se mal e ligou-me a pedir ajuda, pedi para sair e disseram-me que não podia tinha de acabar o dia, ele teve um princípio de AVC e na altura quem o socorreu e levou ao hospital foi o meu namorado.

Isto deixou-me a pensar se era esta a vida que queria viver, se era este o sistema que queria servir? Comecei a criar o meu sistema de negócio, a trabalhar com os meus clientes na minha única folga, cheguei no último ano a ir às 06 da manhã dar massagens ao domicílio, seguir para o trabalho e quando saía às 21h ia fazer terapias até á meia noite. Despedi-me um ano mais tarde quando senti que estava segura para não depender mais daquele sistema.


Sabiam que há spas em Portugal (de hotéis de luxo) a cobrarem 120€ por uma massagem e a darem 2€ de comissão á terapeuta ( após as primeiras 4 terapias do dia?) Sabiam que em muitos desses hotéis as horas extraordinárias não são pagas? Que a maioria das pessoas que trabalham em televisão e que fazem tudo o que está por trás dos cenários idílicos(imagem, som, adereços, make up etc) estão a ser vítimas de escravatura moderna pelas principais empresas de televisão, a trabalharem muitos dias durante 12h, a recibos verdes e sem quaisquer regalias? Que em várias empresas existem jovens a trabalhar com “estágios” a ganhar 400€ por mês a sair de casa as 5 da manhã e chegar as dez da noite? Que o setor da agricultura e pecuária é onde existe mais exploração? Sabiam que segundo o The Guardian”, há atualmente mais pessoas escravizadas do que em “qualquer outro momento da história”? O comentário de muitas pessoas a isto é “Ah é a vida, é feita de sacrifícios”. De sacrifícios para quem??? A que custo? E em que tempo? Quando cada vez mais as pessoas estão a ficar doentes e fragizadas devido a um sistema que não funciona.


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“Segundo a organização não-governamental Anti-Slavery International, atualmente uma pessoa é considerada escrava se for forçada a trabalhar através de coerção, ou ameaça mental ou física, se é controlada ou tida como propriedade pelo empregador, se é desumanizada (em que é tratada como uma mercadoria), se é fisicamente constrangida e se tem restrições à sua liberdade de movimento.”


O que peço é uma atenção para a actual escravatura moderna, deixo aqui algumas respostas de forma a esclarecem dúvidas sobre o mercado de trabalho.

Os dias à experiência podem não ser remunerados?Não. É uma pratica empresarial totalmente errada e proibida. O período experimental corresponde ao tempo inicial de execução do contrato de trabalho, durante o qual as partes apreciam o interesse na sua intenção. Durante este período o trabalhador mantém todos os direitos legalmente consagrados e estabelecidos no contrato de trabalho, nomeadamente no que respeita à retribuição.

Há um número máximo de horas legais que se pode trabalhar por semana?

“O período normal de trabalho está hoje fixado, como máximo, para a generalidade dos trabalhadores, em 8 horas por dia e 40 horas por semana.

Este período de 8 horas de trabalho diário constitui uma reivindicação laboral que data já do século passado, concretizado no adágio inglês: “eight hours to work, eight hours to play, eight hours to sleep.”.


De acordo com os últimos dados da Organização Mundial do Mundial, estima-se que cerca de 40,3 milhões de pessoas estão a vivenciar alguma forma de escravatura moderna, sendo que 24,9 milhões o são em trabalho forçado e que Portugal está está entre os 20 países europeus onde aumentou o risco de escravatura moderna, de acordo com o relatório da consultora Verisk Maplecroft.


Por isso eu digo calcem as botas e façam-se à estrada, este post é para aqueles que estão nestas condições, demorem os anos que for preciso mas criem o vosso sustento, criem os vossos projectos, associações, unam conhecimento, peçam ajuda, calcem as galochas e dediquem-se á vossa terra a projectos como o Portugal 2020, vão ás câmaras municipais e peçam apoio para os vossos projectos, aprendam com os anciões e voltem ao mar, ao barro, á lã portuguesa, aos nossos vinhos, desenvolvam novas formas de trabalhar na vossa área seja ela a arquitectura, a fotografia ou a matemática....

tenho conhecido cada vez mais pessoas que saíram e criaram os seus projectos e agora estão a ter muito sucesso, se precisarem de ajuda procurem.

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Saltem fora de um sistema que nos está a por doentes, que está a causar divórcios devido às horas que a família não está junta, que está a criar feridas na estrutura da criança pelas horas que os pais tem de estar fora, que está a criar um mau microbioma pela forma como nos leva a alimentar, e sobretudo pela forma como no está a por dependentes dos supermercados, das compras pela internet, de sentirmos que temos de adquirir aquilo que não temos tempo para construir e fazer acontecer.




https://vimeo.com/29085798




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