Raiva e tristeza: mensagens que não devemos silenciar
- Kate Sotero
- 9 de ago.
- 2 min de leitura

Para muitos de nós, expressar raiva ou tristeza dói. É como se fossem sentimentos que não nos pertencessem, emoções que “não combinam” com a imagem que queremos mostrar ao mundo. Desde cedo, aprendemos — direta ou indiretamente — a calar esta voz interior, esquecendo que comunicar emoções é um mecanismo essencial de autorregulação e saúde emocional.
Quando crescemos num ambiente onde estas emoções foram ignoradas, ridicularizadas ou castigadas, acabamos por criar dois caminhos possíveis:
Para os mais expressivos, a raiva ou a tristeza podem explodir de forma descontrolada, intensa, e até destrutiva, causando danos nas relações e no próprio bem-estar.
Para os mais contidos, estas emoções ficam guardadas, trancadas no corpo e na mente, reaparecendo em forma de tensão, irritabilidade ou mesmo sintomas físicos.
O problema é que tanto a supressão quanto a explosão deixam-nos desequilibrados. Gabor Maté recorda-nos que “a repressão emocional tem custos profundos para a saúde”, e isso aplica-se em cheio à raiva e à tristeza.
Expressar não significa magoar — nem a nós, nem aos outros. Significa dar às emoções um espaço seguro para existirem e cumprirem a sua função. Esse espaço pode ser:
Fazer exercício físico para libertar tensão acumulada;
Ouvir música que permita sentir e processar;
Escrever o que está preso por dentro;
Fazer terapia ou falar com alguém que saiba escutar sem julgar.
A raiva e a tristeza não são inimigas. São mensageiras.Se lhes dermos atenção, podem guiar-nos até à raiz do que nos está a incomodar — e essa raiz, muitas vezes, está anos atrás, bem antes do momento presente em que a emoção se manifesta.
Aprender a reconhecer, aceitar e canalizar estas emoções é um ato de autocuidado profundo. É escolher deixar de lutar contra nós próprios para, finalmente, começarmos a ouvir o que o nosso interior quer dizer.







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